domingo, 8 de julho de 2007

As eternas amantes

As mulheres que amam demais têm destas coisas. Nunca são seguras de si próprias e muito menos da relação que na maioria dos casos vivem e alimentam verdadeiramente. São tão despropositadas as suas dúvidas, que chegam a roçar o desmedido e culminam geralmente com comentários absurdos. Mas a sua dedicação à causa é tal que chegam ao ponto de personificar e a atribuir nomes próprios. De Bebianas a Rutes há de tudo um pouco. Dispõem de uma criatividade sem comparação, a qual merece, pelo menos, uma nota de reconhecimento. Enfim, em matéria de longa metragem, andam bem perto da perfeição. As personagens têm tudo para serem as melhores... o filme parece quase real... só lhes falta vida própria, mas vontade têm de sobra.
É um facto que o elemento do sexo masculino da espécie humana não é perfeito, e como não é perfeito não é fiel, e não é fiel porque não está na sua natureza sê-lo, e negá-lo é utópico. A natureza não é perfeita porque não tem que o ser. A mulher também não o é (nós homens sabêmo-lo). O perfecionismo conjugal que idealizam é objectivo igual ao estabelecido por pessoas dementes, habitantes de dimensões desconhecidas. De qualquer forma gostamos delas... vamos dar-lhes esse desconto, pelo menos enquanto houver cerveja fresca para nos trazerem no frigorifico.

1 comentário:

Nuno Mota disse...

Combater milhões de anos de evolução não é fácil e por vezes impossível... Espero que ninguém acredite que os leões/tigres do circo estão de facto domesticados, porque não estão! O seu instinto está lá e contra isso não há nada a fazer!

Para já, a genética é ainda uma ciência em estado "cru" e ainda não nos é possível alterar ao nível do ADN um ser humano.

Por conseguinte, alterar o comportamento humano requer EVOLUÇÃO. O problema é que esta, em geral, é um processo extremamente lento. Quando dois ratos acasalam, os descendentes são ratos. Quando esses descendentes acasalam, os seus filhos são ratos. Quando esses acasalam... e o ciclo continua. As mutações não alteram este fato de forma significativa a curto prazo.

Carl Sagan, em "Os Dragões do Éden", coloca isso da seguinte maneira:

A escala de tempo para a mudança evolutiva ou genética é muito longa. Um período característico para a emergência de uma para outra espécie avançada é, talvez, de cem mil anos, e com muita frequência a diferença no comportamento entre espécies estreitamente relacionadas (digamos leões e tigres) não parece muito grande. Um exemplo de evolução recente de sistemas orgânicos nos humanos é o dos nossos dedos dos pés. O dedão exerce uma função importante no equilíbrio enquanto caminhamos; os outros dedos têm utilidade muito menos óbvia. Eles evoluíram claramente de apêndices semelhantes aos dedos das mãos para apreenderem e agarrarem como aqueles dos macacos (em inglês) arbóreos. Esta evolução constitui-se na reespecialização, ou seja, a adaptação de um sistema orgânico que evoluiu originalmente de uma função para outra, bastante diferente, que levou cerca de dez milhões de anos para emergir."

O fato de a evolução precisar de 100 mil ou 10 milhões de anos para fazer mudanças relativamente pequenas em estruturas existentes apenas nos mostra sua real lentidão. A criação de uma nova espécie consome tempo.


O livro"Molecular Biology of the Cell" diz o seguinte:

"Os humanos, como um gênero distinto dos grandes macacos, existem há apenas alguns milhões de anos. Assim, cada gene humano teve a chance de acumular relativamente poucas alterações nos nucleotídeos desde nossa criação, e a maior parte dessas foi eliminada pela selecção natural. Uma comparação entre humanos e macacos, por exemplo, mostra que suas moléculas de citocroma-c diferem em cerca de 1% e suas hemoglobinas diferem em cerca de 4% das suas posições de aminoácidos. Está claro que muito da nossa herança genética deve ter sido formada bem antes do aparecimento do homo sapiens, durante a evolução dos mamíferos (que começou cerca de 300 milhões de anos atrás) e até mesmo antes."

Resumindo, são muitos milhões de anos de evolução para combater o nosso comportamento!... :-p